Ações afirmativas
O PPRER abriu a sua primeira turma em 2011, já implementando cotas raciais no processo de seleção discente. Em 2014, o programa expandiu o percentual de reserva de vagas para candidatos cotistas de 30 para 50%, por compreender que, para ser coerente com a temática que discute e com o conhecimento que produz, o programa deve pautar-se em garantir paridade com os dados do IBGE (2013), nos quais o percentual de população autodeclarada negra no Brasil é de 53%. Essa ação é pioneira no segmento de pós-graduação no CEFET/RJ e faz eco com poucos programas de pós-graduação no Brasil. Com essa política afirmativa, o PPRER pretende ter um corpo discente representativo da população do Brasil, em que pessoas negras e indígenas existam com seus protagonismos e expertises. Ter isso como objetivo significa também desejar alterar um quadro nacional de assimetria e injustiça de caráter étnico-racial, em que pessoas negras foram alocadas historicamente à margem da sociedade e, quando ocupam lugares sociais de destaque, o fazem por exceção, e não por regra. É notório o aumento significativo do número de estudantes negros, o que, por si, é um relevante fator de inserção social e de distinção do programa, se o compararmos a outros programas de pós-graduação. A chegada desses novos atores à pós-graduação stricto sensu tem como consequência um olhar diferenciado da sociedade com todas as suas tensões pelo fato de, muitas vezes, serem capazes de analisar essas tensões e produzir o conhecimento proveniente dessa análise a partir de um ponto de vista interno e não hegemônico no meio acadêmico. O PPRER registrou cerca de 68% de seus alunos autodeclarados negros até o momento. Para o CEFET/RJ, esse número é emblemático e representa a inauguração de uma nova era, na qual grupos sociais tradicionalmente excluídos da academia estão, de fato, ocupando esse espaço que lhes é de direito.
O perfil dos estudantes recentemente matriculados no programa tem sido motivo de destaque. Dos 35 (trinta e cinco) matriculados em 2019, 33 (trinta e três) se autodeclararam negros (pretos ou pardos) e 2 (dois) se autodeclararam brancos. Essa proporção aparecera ainda no momento da inscrição dos candidatos para o processo seletivo. Houve 230 (duzentos e trinta) inscritos para a seleção discente de 2019, sendo 198 (cento e noventa e oito) autodeclarados negros e 32 (trinta e dois) autodeclarados brancos. No que tange ao gênero dos candidatos, foram 172 (cento e setenta e duas) mulheres e 58 (cinquenta e oito) homens concorrentes ao certame. Desse total de candidatos, 179 (cento e setenta e nove) manifestaram interesse em concorrer às cotas raciais – o edital prevê 50% de vagas para cotistas. No fim de todo o processo seletivo, o PPRER teve 21 (vinte e uma) mulheres negras, 2 (duas) mulheres brancas e 12 (doze) homens negros matriculados para a turma de 2019. Nesse sentido, é preciso ressaltar o impacto social do PPRER, uma vez que seu corpo discente subverte os números corriqueiramente associados ao cenário da pós-graduação brasileira – no qual boa parte dos programas são constituídos, majoritariamente, por homens brancos de classe média. A entrada expressiva de mulheres negras jovens no PPRER aponta para um quadro de otimismo concernente ao impacto econômico, social e cultural do programa, uma vez que a formação dessas estudantes resultará em transformações na base da pirâmide social brasileira.
Redes Sociais